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Programa cultural: Sertão em devaneios

Neste sábado, dia 8 de junho, mais de uma centena de cenas e histórias sertanejas tomam de assalto a região de Santo Amaro: o Centro Cultural Santo Amaro abre espaço para a visão original e intensa da artista plástica Nilda Neves sobre um imaginário brasileiro que mistura cotidiano e mito, na exposição Sertão em devaneios.


A baiana de Botuporã, radicada há 20 anos em São Paulo, é uma artista prolífica: em atividade desde 2010, a pintora já soma uma produção estimada em mais de 3 mil telas, todas com um tema em comum:


– Além das pinturas, tenho dois livros publicados, faço esculturas, músicas, bordados e costuras... Em tudo que faço, eu coloco uma gota de sertão no meio. – explica a artista.


A introdução à pintura começou por acaso. com a ilustração da capa de um de seus livros. Nilda tinha publicado um romance, com o apoio entusiasmado do cantor Peninha. Aventurou-se a pintar a capa de seu segundo livro e não parou mais. Atualmente, a pintora mantém uma agenda ativa de exposições em galerias paulistas, como Mezanino, FACE Gabinete de Arte e La Mínima. Recentemente, fez incursões também em mostras internacionais, como a feira REVEAL de Arte Contemporânea, em Saratoga Springs, nos EUA.


A mostra de quadros traz pela primeira vez para a Zona Sul de São Paulo a obra de Nilda. Ligia Rebelato ficou encarregada de curar 140 quadros da artista para compor a exposição, que estreia neste sábado, às 16 horas. Diversas cenas sertanejas fundem realidade e fantasia em Sertão em devaneios, justificando o título:


– Muita coisa [que eu pinto] é verdade. Muita coisa... é o que eu vejo. Eu não estou lá no sertão e não tenho um modelo na minha frente para pintar, então são lembranças. Tem muitos sonhos também... As pessoas acham que eu sou um pouco maluca!


Dentre vários quadros, um que exemplifica bem a surrealidade sertaneja do conjunto em exposição é Flores de umbuzeiro (abaixo), que Nilda gentilmente concordou em decifrar para os leitores:

– No terreno do meu avô tinha um pé de umbuzeiro, todo entrelaçado. Antigamente, [os adultos] eram muito severos: não se podia falar em sexo ou palavrão... Meus irmãos e primos às vezes iam lá e desenhavam uma vagina ou algo assim lá no pé de umbu. Isso ficou na minha cabeça e, agora que eu cresci, pintei o umbuzeiro assim, como se fosse uma árvore do sexo. Mas é um umbuzeiro: fica verdinho na hora que vai florir e depois cai tudo, fica “peladão”.


O método de produção espontâneo, a versatilidade estética e a abordagem autoral original dificultam a classificação da obra dessa artista baiana, que se inspira em Pablo Picasso e em Georges Braque. O público está convidado a ver, se deleitar e tirar suas próprias conclusões.




Serviço:

Exposição Sertão em Devaneios, de Nilda Neves

Local: Centro Cultural Santo Amaro – Avenida João Dias, 822, Praça Marcos Manzini (antiga Biblioteca Kennedy).

Ingresso: entrada gratuita.

Abertura: sábado, 8 de junho, às 16 horas.

Visitação: de 9 de junho a 13 de julho.

De segunda a sexta-feira, das 9 às 18 horas. Sábado e domingo, das 9 às 16 horas.

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